“Ora, qual seria então a pratica social camponesa que lhe permitiria alcançar a ‘utopia camponesa’ capaz de resgatar o camponês, não enquanto história, conforme sugestão de Ianni, mas da sua própria história nas sociedades capitalistas?”, questiona Horacio Martins de Carvalho, engenheiro agrônomo formado pela Escola Nacional de Agronomia da Universidade Rural do Brasil e especialista em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Eis o artigo.
- A PERSISTÊNCIA CAMPONESA
Numa formação econômica e social complexa como a brasileira os camponeses (o campesinato ), na sua imensa diversidade, convivem contemporaneamente com as empresas capitalistas de maneira estruturalmente conflitiva devido à exploração econômica a que estão por elas submetidos. Em algumas circunstâncias, como nos contratos de produção e ou nos processos de integração, como por vezes esse processo é referido para dar conta das parcerias no processo de produção entre camponeses e empresas capitalistas, essa exploração se dá de maneira consentida devida a algumas vantagens conjunturais que os camponeses podem usufruir nessas condições de relações econômicas desiguais.
A premissa que adoto nestas reflexões é a de que a convivência dos camponeses com o capital, numa sociedade de classes e com elevada desigualdade social, se concretiza pela subalternidade camponesa às diversas frações do capital . Portanto, é uma convivência que pressupõe, como condição historicamente inexorável na sociedade capitalista, que os camponeses aceitem como normal a transferência parcial da renda e da riqueza por eles obtidas para as empresas capitalistas rurais e ou urbanas com que se relacionam direta ou indiretamente..
Por diversos motivos e fatores, aliados a muito desalento, os camponeses continuam garantindo a sua precária reprodução social ainda que estejam, na sua maioria, cientes da subalternidade ao capital a que estão historicamente submetidos. Os camponeses são, antes de tudo, persistentes, ainda que o limite dessa persistência tenha sido rebaixado devido aos apoios incontestáveis dos governos às grandes empresas capitalistas no campo e da cidade no âmbito político de afirmação do agronegócio.
Para ler mais: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/539241–camponeses-mais-alem-da-convivencia-com-o-capital